quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

No tempo da "pirataria"

No início dos anos 90 não existia em Portugal legislação relativa a direitos de autor de software. De facto nessa altura o raro era encontrar um jogo ou um programa original.

Era vulgar em Shoppings da época (Dallas - que saudades, Brasilia, Londres, etc.) a existência de lojas de venda de jogos apinhadas até à porta com teenagers à espera que o "pão quente" (jogo) saísse do forno (gravador). Estou certo que esta imagem que me traz saudades desses tempos para muitos é aterradora (ai os lucros).

Um jogo para Spectrum custava 150$00 (0.75€) ou então 300$00 (1.50€) caso fosse a capa fosse uma cópia a cores da original. Recordo-me do último dia de venda livre das cópias, com as casas a desfazerem-se das cassetes por 50$00 cada e ainda a darem algumas de borla. A maioria dessas casas fechou no dia seguinte à entrada em vigor da lei que proibia a venda de cópias.
O fecho dessas casas era inevitável. Os jogos que até aí custavam no máximo uns 500$00 (2.50€) se fossem para Commodore Amiga passavam agora a custar no mínimo 1500$00 (os antigos), sendo que os recentes eram sempre para cima dos 3000$00 (15€), como é óbvio muitos de nós deixaram de comprar jogos nessa altura... ou então compravam menos, muito menos.

Concordo que não é justo que quem desenvolva o software não tenha retorno pelo seu trabalho... mas parece-me que o retorno é um bocado acima daquele que realmente vale.

Já na altura a maioria de nós preferia um "original" (capa colorida, cópia da original) que uma cópia. Tal como tenho a certeza que qualquer um de nós prefere um original (mesmo original) a uma cópia. A questão é se o original vale o preço pedido e se há poder de compra para o original. Com menores margens de lucro provavelmente mais comprariam originais e mais lucros seriam obtidos... mas adiante...

Não vou estar aqui a discutir a legitimidade dos direitos de autor, muito menos estratégias de venda pois se fosse por esse rumo teria que mudar o nome ao blogue e um post apenas não chegaria para tratar o assunto.

Fica apenas a memória dos tempos em que comprar copia era legal. A saudade das idas ao Dallas (era sempre aí que eu comprava) e às suas lojas, Burótica, Softrum, JMS e fica também a certeza  de que se a "pirataria" na altura não existisse, não se tinham vendidos tantos Spectrums, Commodores, MSXs, Ataris etc em Portugal como se venderam... isto para não falar de gravadores... É que 150$00 por um jogo que se calhar nem prestava era uma coisa... 3000$00, 4000$ ou 5000$00 era outra bem diferente.
ainda se lembram destas cassetes??